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A Ilusâo Mórmon: Parte 3

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A Ilusâo Mórmon: Parte 3

Capítulos 5 e 6
Floyd C. McElveen

Capítulo Cinco ― José Smith Examindado Como Tradutor


Martin Harris foi uma das "três testemunhas" do Livro de Mórmon. Pediram-lhe que hipotecasse a sua fazenda para ajudar a publicar e distribuir o Livro de Mórmon. Como cautela, Harris foi ao professor Charles Anthon, renomado erudito da Universidade Columbia, com uma ou duas páginas de caracteres do "egípcio reformado".

Depois de examinar o material, Anthon preveniu a Harris que etava sendo vítima de uma fraude. Os caracteres não eram hieróglifos egípcios. Entretanto, José Smith afirmou em sua revelação, Pérola de Grande Valor, que Anthon havia dito: "que a tradução estava correta, muito mais que qualquer outra tradução que ele tinha visto antes, traduzida do egípcio. Então mostrei-lhe aqueles que ainda não haviam sido traduzidos e me disse que eram egípcios, caldeus, assírios e arábicos; e disse que eram caracteres verdadeiros" (Pérola de Grande Valor 2:64, pp. 65.66).

Ainda que Anthon não tivesse, em carta, refutado o testemunho de José Smith, a afirmação de Smith suscita vários problemas. Primeiro diz-se que o egípcio reformado é uma língua completamente perdida "que nenhum homem conhece". Entrentanto, eis alguém que sem nenhuma "revelação divina" podia lê-lo! Nem mesmo José Smith podia fazer isso! E Anthon o fez sem o Urim nem o Tumim!

Segundo, por que continham os papéis caracteres caldeus, assírios e arábicos, se as placas de ouro tinham sido escritas somente em egípcio reformado?

Terceiro, uma vez esta teria sido a primeira e única tradução do egípcio reformado por mais de mil anos, como é que Anthon podia ter dito que era a tradução mais correta do egípcio que ele já vira? Como é que ele podia saber se a tradução inglesa era correta ou não?

Quarto, os mórmons afirmam que o incidente com Anthon cumpriu Isaías 29:11, 12: "Toda a visão já se vos tornou como as palavras dum livro selado - que se dá ao que sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele responde: Não posso, porque está selado; e dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Lê, peço-te; e ele responde: Não sei ler." Se lermos a passagem com cuidado, veremos que o assunto principal é a condição do povo naquela época. Não se refere a um livro em época futura.

Ainda assim, Anthon nunca obteve um livro completo, somente algumas folhas com alguns caracteres. Mas Harris, segundo José Smith em Pérola de Grande Valor, disse ter Anthon afirmado ser correta a tradução. Ele somente podia dizer isto se pudesse lê-lo . Mas Isaías disse que "o que sabe lernão podia ler porque estava selado".

Há vários outros problemas, mas isto deve ser suficiente. Deus jamais contradiz a si mesmo, nem mesmo no mínimo detalhe no cumprimento da profecia. É desta forma que Deus nos disse para distinguir o verdadeiro do falso. Recusar-se a fazer tal teste seria desobedecer a Deus que disse: "não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora" (1 João 4:1). Somos advertidos de que os falsos profetas podem realizar milagres (maravilhas mentirosas). A nós também é revelado que eles aparecem como anjos de luz, ministros da justiça.

Mateus 7:15 diz-nos: "Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores." Se amarmos Jesus e a sua palavra não poderemos deixar de obedecer-lhe e aplicar o teste aos que se dizem profetas de Deus. Se não fizermos isto, o resultado para nós mesmos e para incontáveis outros será perda eterna terrível. Se José Smith pudesse passar no teste, ficaríamos contentes em aceitá-lo como profeta de Deus. Infelizmente, ele não pôde.

O ponto central desta história toda é uma carta que o professor Anthon escreveu, sete anos mais tarde, a E.D. Howe, em 17 de fevereiro de 1834. "A história toda acerca de eu ter dito que a inscrição mórmon fosse hieróglifos do egípcio reformado é totalmente falsa ... logo cheguei à conclusão de quetudo não passava de um truque - um embuste talvez .... O papel continha tudo menos hieróglifos egípcios."1

Talvez o golpe mais prejudicial de todos à credibilidade de José Smith como tradutor ou profeta que recebia revelações de Deus fosse um episódio datado de 1835. José Smith comprou algumas múmias egípcias e alguns rolos de papiro de Michael H. Chandler. José Smith recebia revelações de Deus quanto ao significado dos caracteres e esboços dos papiros. Esta tradução, e mais três desenhos dos papiros egípcios ele publicou como o "Livro de Abraão" em Pérola de Grande Valor página 32. Ele afirmava que o primeiro desenho ou "Fac-símile #1", mostrava o sacerdote idólatra de Elkenah tentando oferecer Abraão em sacrifício. Os quatro jarros embaixo do altar eram deuses idólatras, etc. O pássaro do quadro era o "anjo do Senhor".

Infelizmente para José Smith desta vez foi possível fazer um teste científico e analítico de suas afirmações. O egípcio era uma língua conhecida dos egiptologistas, ao passo que o "egípcio reformado" não o era.

O bispo F. S. Spalding enviou cópias deste e de vários outros fac-símiles que Smith desenhou e traduziu dos papiros egípcios a vários dos egiptologistas mais preeminentes do mundo.2 Todos eles concordaram que o assunto da gravura era "embalsamemento dos mortos". Todos disseram que a interpretação de José Smith era falsa e não uma tradução real do fac-símile ou dos hieróglifos egípcios.

Então, em 1967, descobriu-se um manuscrito que se acreditava ter sido destruído num incêndio em Chicago. Este foi positivamente identificado pelos mórmons como o manuscrito original do qual José Smith "traduzira" a informação do "Livro de Abraão". Parece que isso resolvia o assunto.

Mas o professor Dee Jay Nelson, egiptólogo mórmon preeminente, depois de análise cuidadosa dos papiros e das supostas traduções do egípcio para o inglês por José Smith, pronunciou o "Livro de Abraão" uma tradução falsa.

Dee Jay Nelson usou não somente sua considerável capacidade lingüística mas também a ajuda de um computador que mostrou ser matematicamente impossível José Smith ter traduzido tantas palavras de tão poucos caracteres egípcios num fragamento de papiro tão pequeno (1.125 palavras oriundas de 46 caracteres).

Este "manuscrito original" do "Livro de Abraão" é, na realidade, um texto fúnebre egípcio de alguns séculos antes do nascimento de Cristo, contendo instruções aos embalsamadores. A tradução de José Smith fazia com que este mesmo texto versasse sobre Abraão e sua vida na Mesopotâmia alguns 2.000 anos antes. Fac-símiles #1,2,e 3, e também outros materiais dos quais José Smith afirmava ter traduzido o "Livro de Abraão" têm sido examinados e Dee Jay Nelson e outros egiptólogos preeminentes mostraram que são traduções falsas.3

O professor Nelson, membro do sacerdócio mórmon, e sua família, pediram demissão da igreja dos Santos dos Últimos Dias no dia 8 de dezembro de 1975, como resultado desta descoberta.

Numa carta endereçada à Primeira Presidência, o professor Nelson afirma: "Nós [ele, a esposa e a filha] não desejamos estar associados com uma organização religiosa que ensina mentiras."4 O professor Nelson, numa carta a R.L. Eardley, de Billings, Montana, em 15 de fevereiro de 1976, afirmou: "O mundo científico acha que o Livro de Abraão é um insulto à inteliência. Alguns dos egiptólogos mais brilhantes e qualificados de nosso tempo têm-no rotulado de fraudulento por causa da evidência esmagadora dos papiros metropolitanos- José Smith recentemente descobertos. Esse papiro aindo não recebeu nenhum apoio de nenhum egiptólogo qualificado. Não desejamos e intolerância racial."

Talvez a esta altura devêssemos perguntar aos nossos amigos mórmons se honestamente e com todo o coração podem confiar seu destino eterno à credibilidade de José Smith. Como mómons, é isto que estão fazendo.

Qualquer tribunal nos Estados Unidos aceitaria como conclusiva a prova que Nelson e outros egiptólogos apresentaram. José Smith mentiu quanto a "traduzir" o texto egípcio. "O Livro de Abraão" é, inegavelmente, falso.





Nota

1. Carta do professor Charles Anthon a E.D. Howe, 17 de fevereiro de 1834.

Citado por Tanner em Mormonism, Shadow or Reality (Salt Lake City: Modern Microfilm Company, 1972), p. 105.

2. Os egiptólogos foram: Dr. A.H. Sayce, Oxford University; Dr. Williams M.F. Petrie, London University; Dr. A.C. Mace, Departamento de Egiptologia, Museu Metropolitano de Arte, Nova Iorque; Dr. J. Peters, Diretor da Expedição Babilônica da Universidade de Pennsylvania, 1888-1895; Dr. S. A. B. Mercer, Western Theological Seminary, Chicago; Dr. E. Meyer, Universidade de Berlim; Dr. Baron V. Bissing, Universidade de Munique.

3. Dee Jay Nelson, The Joseph Smith Papyri, Parte 2, e The Eye of Ra. Veja também o livro de Tanner, Mormonism, Shadow or Reality, no capítulo "A queda do livro de Abraão."

4. De uma fotocópia da carta original enviada por Dee Jay Nelson.

 


 

Capítulo Seis ― História, Arqueologia, Antropologia e o Livro de Mórmon


Parece conclusivo que qualquer livro verdadeiramente inspirado por Deus deva ser exato histórica e arqueologicamente. A seguir damos uma sinopse muito breve da história do Livro de Mórmon neste contexto.

História do Livro de Mórmon

Livro de Mórmon afirma que um povo chamado jareditas, refugiados da Torre de Babel, migrou para a América cerca da 2.247 a.C. Ocuparam a América Central até serem varridos por discórdia interna. Um sobrevivente, o profeta Éter, registrou a história dos jareditas em 24 placas metálicas.

Cerca de 600 a.C. as duas famílias de Lehi e Ismael deixaram Jerusalém, atravessaram o oceano Pacífico e desembarcaram na América do Sul. Dois filhos de Lehi, Lamã e Nefi, iniciaram uma briga e o povo se dividiu em dois acampamentos de guerra - os lamanitas e os nefitas. Os lamanitas foram amaldiçoados pelo Senhor por serem rebeldes e irem contra seus mandamentos. Parte dessa maldição incluía pele escura, o que supostamente é a origem dos índios americanos.

Deus teve predileção pelos nefitas que migraram para a América Central cerca da época de Cristo. Logo depois de sua crucificação, Cristo veio à América e instituiu o batismo por imersão, o sacramento do pão e do vinho, sacerdócio e deu muitos outros ensinamentos. Tanto os lamanitas quanto os nefitas se converteram. As coisas correram normalmente por cerca de 200 anos, então veio a apostasia. O termo "lamanita" foi, pois, dado a todo aquele que deixava a fé.

Cento e cinqüenta anos mais tarde, os nefitas relifiosos e os lamanitas rebeldes guerrearam de novo. Por volta de 421 A.D. os nefitas foram todos mortos, e os lamanitas infiéis ficaram no controle da terra. Colombo descobriu-os quando aí aportou em 1492.

O comandante-chefe dos nefitas era o profeta e sacerdote chamado Mórmon. Ao ver que tinham sido derrotados, compilou os registros de seus predecessores e escreveu uma breve história, em placas de ouro. Deu estas placas de ouro a seu filho Moroni, que as escondeu num monte, perto de Palmyra, no Estado de Nova Iorque. Moroni, cerca de 1.400 anos mais tarde apareceu como um anjo a José Smith e disse-lhe onde encontrar essas placas. Na caixa que continha as placas estava um grande par de óculos; uma das lentes chamava-se Urim e a outra Tumim. Segundo as três testemunhas, com a ajuda destes óculos, Urim e Tumim ou "intérpretes", e mais uma "pedra de vidente", José Smith traduziu os hieróglifos para o inglês. Segundo José Smith, os hiróglifos eram "egípcio reformado", língua "que nenhum homem conhece". Desta forma, o Livro de Mórmonsupostamente foi revelado.

Por que foram as placas enterradas em Palmyra, Nova Iorque, senão pelo fato de José Smith viver nessa área?

Bem, enquanto a guerra continuava entre os lamanitas e os nefitas, Mórmon escreveu uma carta ao rei dos lamanitas pedindo-lhe que se encontrasse com os nefitas na terra de Cumorah, ao pé de um monte chamado Cumorah, "e lá o guerrearemos!" Segundo a história, Mórmon esperava, com este expediente, levar vantagem militar, e aparentemente o rei lamanita e suas forças ficaram contentes em fazer-lhe a vontade! Assim, homens, mulheres e crianças marcham por montanhas formidáveis passando por florestas e atravessando correntezas fortes por milhares de quilômetros, às centenas de milhares, para se engajarem numa batalha de morte num lugar ao pé de um monte insignificante do qual a maioria jamais ouvira falar!

Devemos admitir que esta é uma história e tanto! Não podemos evitar a noção de que esta pode ter sido a única maneira de José Smith situar as "placas de ouro" perto de onde ele vivia, nos arredores de Palmyra, em Nova lorque.

Vários problemas notáveis a respeito desta história precisam ser examinados.

O primeiro problema refere-se ao rápido aumento da população. 
Segundo o Livro de Mórmon, em 30 anos duas nações surgiram de 28 pessoas ou menos (ver 1 Nefi; 2 Nefi 5:5, 6, 28). Nesta época as duas nações (que mesmo tendo um elevadíssimo índice de crescimento só podia ter uma população de várias centenas, e a maioria constituída de mulheres e crianças) dividiram-se e tornaram-se inimigos ferozes chamados nefitas e lamanitas.

Os nefitas e os lamanitas em várias épocas "multiplicamo-nos consideravelvemente, espalhando-nos sobre a face de terra; e nos tornamos imensamente ricos" (Jarom 8), e "se multiplicaram e se espalharam...começou a ser povoada toda a face da terra, desde a parte sul do mar até o litoral norte, e do litoral oeste até o do leste" (Helamã 3:8). Era "quase tão numeroso como as areias do mar" (Mórmon 1:7).

O segundo problema refere-se às poderosas cidades que os nefitas e jareditas construíram. E "construíu muitas cidades poderosas" (Éter 9:23; ver também Alma 50:15). O Livro de Mórmon menciona, pelo menos 38 nomes de cidades: Amoniah, Gideon, Jacobugat, Jerusalém, Manti, Shem, Zarahemla, etc., todas no Novo Mundo. Entretanto, nem um dos locais destas cidades jamais foi encontrado, nem na América do Sul nem na América Central.

Em contraste, bastante evidência tem sido descoberta referente às antigas cidades dos maias e dos incas que ocuparam estas áreas! O apoio histórico ou arqueológico, que para uma civilização como os mórmons reivindicam devia ser praticamente espantoso, simplesmente não existe. De fato, o que se verifica é o oposto.

O terceiro problema coma história de Livro de Mórmon jaz nas línguas dos povos primitivos. É impossível que as línguas egípcio reformado e hebraico pudessem ter desaparecido tão completamente se tivessem sido usadas tão extensivamente nas Américas por centenas de anos.

Arqueologia e o Livro de Mórmon

Perante mim tenho agora, enquanto datilografo este manuscrito, uma bela edição do Livro de Mórmon, de 1961. Entre as lindas gravuras da primeira parte do livro, está uma de alguns murais representando gente, cabanas nada parecidas com cabanas egípcia, água, barcos, remadores, etc. A legenda da gravura diz: "Murais tip-egípcios encontrados nas paredes do templo de Bonampak, no México." Provavelmente isto é para transmitir à mente do leitor inadvertido que este é um elo na cadeia de evidências para o fundo histórico do Livro de Mórmon, no que se relaciona à origem do povo do Livro de Mórmon, e de sua suposta presença na América do Sul e na América Central. Na realidade este mural não parece egípcio, nem peruano, nem africano, nem indiano.

Tenho visto livros lindamente ilustrados sobre arqueologia das Américas do Sul e Central, que missionários mórmons zelosos às vezes usam parainferir prova arqueológica a favor do Livro de Mórmon, e também para o mormonismo. Entretanto, não existe um único arqueólogo conhecido, mórmon ou não, que afirme existir qualquer prova arqueológica que apóia o Livro de Mórmon. Não há evidência para apoiar a existência de qualquer das cidades que José Smith afirma ter coberto as Américas, além da imaginação dele próprio.

John L. Sorenson, autoridade mórmon e professor assistente de antropologia e sociologia na Universidade de Brigham Young, comentou: "Nossa opinião é que os Santos dos Últimos Dias deviam estar satisfeitos com a verdade e não tentar melhorá-la por meio de 'provas' gratuitas baseadas em inverdades."1 As afirmações do professor Sorenson foram feitas para combater o Book of Mormon Evidences in Ancient America (Livro de evidências mórmons na América Antiga), por Dewy Farnsworth, um dos livros que procuram estabelecer provas para o Livro de Mórmon.

O Dr. Ross T. Christensen, antropólogo mórmon, disse: "A afirmação de que o Livro de Mórmon já foi provado pela arqueologia é enganosa."2 Lembre-se, estas afirmações são de autoridades mórmons, que operam no campo da arqueologia.

Na pesquisa que fiz sobre o mormonismo, não encontrei um único arqueólogo não-mórmon que desse algum crédito à história do Livro de Mórmon. Nenhum deles o usa como guia para pesquisa arqueológica na América do Sul ou na América Central. Se alguns de meus leitores conhecerem um arqueólogo não-mórmon, bona fide, credenciado e reconhecido que usa o Livro de Mórmon como referência, por favor, envie-me seu nome e endereço.

Um membro da Instituição Smithsoniana em Washington comentou: "A Instituição Smithsoniana jamais usou o Livro de Mórmon de qualquer forma como guia científico. Os arqueólogos Smithsonianos não vêem nenhuma conexão entre a arqueologia do Novo Mundo e o conteúdo desse Livro."3

Por outro lado, os arqueólogos freqüentemente contradizem por completo as afirmações do Livro de Mórmon e as destróem. Embora a pesquisa científica tenha demonstrado que o continente americano não possuía muitos animais domésticos tais como gado, porcos, cavalos, jumentos e certos outros animais até que os europeus viessem à América, O Livro de Mórmon afirma que esses animais aqui estavam muitos anos antes de Cristo. Com exceção da Universidade de Brigham Young, as instituições de educação superior nos Estados Unidos concordam com a Instituição Smithsoniana de que "não há nenhuma evidência de uma migração de Israel para a América, da mesma forma, nenhuma evidência de que os índios pré-colombianos tivessem qualquer conhecimento do Cristianismo ou da Bíblia".4

Antropologia e o Livro de Mórmon

Não somente não existe prova arqueológica que apóie a história do Livro de Mórmon da vasta civilização que supostamente cobriu toda a América do Sul e Central, mas também os antropólogos negam as afirmações do Livro de Mormon.

Os que se especializam em antropologia e genética refutam a afirmação de que os índios americanos sejam descendentes dos israelitas. Antes, dizem que os índios se parecem com os povos da Ásia oriental, central e setentrional, e com eles estão mais intimamente relacionados. Estes povos asiáticos têm uma "mancha mongolóide", uma mancha azul-cinza no final da coluna espinhal ao nascerem. Os índios americanos também têm uma mancha mongolóide. Os israelitas, que são semitas, não a possuem! Os índios americanos não são lamanitas descendentes dos israelitas que migraram para a América.

Se os índios não são descendentes dos israelitas, como afirmam os mórmons que são então José Smith e o Livro de Mórmon, estão errados, e certamente não são inspirados por Deus.

Fé e o Livro de Mórmon

Os mórmons têm de lidar honestamente com evidências sérias tais como as que temos ressaltado. Tantas vezes, eu e também outros, temos trazido estes problemas de peso e seriedade à atenção dos mórmons e recebemos um "testemunho" acerca de crer pela fé. Mas nunca há tentativa alguma da parte deles de encarar ou resolver o problema com provas de fato.

Aqueles de nós que conhecemos o Cristo bíblico temos um testemunho tremendo no que se refere à alegria, à nova vida, à certeza e à transformação interior que nosso Salvador maravilhoso nos deu. Fomos salvos, convertidos, nascidos de novo, lavados de nossos pecados pelo Sangue de Cristo. Fomos feitos filhos de Deus, a vida eterna nos foi dada em um ponto definido no tempo e sabemos disso. Entretanto, se prova concludente fosse produzida de que Cristo houvesse nascido em Atenas em vez de Belém, ou que a Bíblia fosse totalmente falsa em vários pontos históricos e arqueológicos ou que muitas das profecias bíblicas houvessem falhado, então seríamos tolos em responder com nosso "testemunho" de como o Espírito Santo nos havia convencido da verdade da Bíblia.

A fé não pode operar sem algum conteúdo intelectual. Deus não pede fé cega; somente o diabo faz isso. O Deus da verdade bíblica é também o Deus da verdade histórica e arqueológica, e de fato, uma coisa nunca contradiz a outra.

Deus diz: "A fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo" (Romanos 10:17). Mas para que isto seja válido, a pessoa primeiro deve confiar que a Bíblia realmente é a Palavra de Deus. É verdade que esta confiança é estabelecida no coração disposto, pelo Espírito Santo. Àquele que busca, ele também revela o fato desolador de que é um pecador perdido, e o fato sublime e maravilhoso de que Cristo é o único Salvador. Entretanto, até mesmo o Espírito Santo não faz isto sem algum conteúdo intelectual real. É por isso que Jesus e os discípulos muitas vezes disseram, referindo-se às profecias feitas séculos antes: "Isto é o que fora dito aos profetas ..." Profecia cumprida, fidedignidade histórica e arqueológica, a ressurreição de Cristo, e outras evidências; tudo isso fornece em fundamento sólido sobre o qual a fé verdadeira pode ser lançada. A pessoa não é forçada a crer somente pelo fato; deixa-se muito lugar para a fé.

Os amigos mórmons questionam que a Bíblia ensina que podemos ser salvos somente pela fé sem as obras; entretanto, retiram-se apressadamente a um abrigo de somente pela fé quando os fatos ameaçam destruir a própia textura do mormonismo. Não há como o "testemunho" possa esclarecer as contradições ou fazer com que o falso se transforme em verdadeiro.

Resumindo

Deus pede a fé que descansa sobre fatos sólidos e promessas cumpridas.

Dê outra olhada nas cidades mórmons que supostamente floresceram na América do Sul e na América Central. Numerosas cidades da Bíblia têm sido verificadas facilmente. Algumas destas eram tão velhas, e outras ainda mais velhas do que muitas cidades mórmons citadas no Livro de Mórmon - cidades e cidades-estados como Ur dos Caldeus, Jerusalém, Nínive, a cidade-reino dos hititas, etc. Os arqueólogos continuam a desenterrar cidades mencionadas nas Escrituras.

Até os incrédulos descobriram que a Bíblia é geográfica e arqueologicamente exata. Os arqueólogos - crentes e incrédulos - usam a Bíblia como um guia extremamente seguro para a pesquisa nas terras bíblicas.

Se devemos confiar num livro para guiar-nos às verdades acerca de um mundo que ainda não vimos, certamente esperamos que ele seja exato e fidedigno, histórica e geograficamente, em assuntos relacionados com o mundo que conhecemos. A Bíblia preenche este requisito. O Livro de Mórmon, não.


 



Notas

1. John L. Sorenson na resenha de um livro de Dewey Farnsworth.

2. Ross T. Christensen, antropólogo mórmon, U.A.S. Newsletter, #64 (Provo, Utah: University Archeological Society, 30 de janeiro de 1960), p.3.

3. Citado de Tanner, Mormonism, Shadow or Reality (Salt Lake City; Modern Microfilm Co., 1975), p.97.

4. Dr. Frank H. H. Roberts, Jr. Diretor do Bureau of American Ethnology da Instituição Smithsoniana. Citado por Marvin W. Cowan, Mormon Claims Answered, publicado por Marvin W. Cowan, 1975.