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Parecer de um Estudioso da Bíblia sobre o Livro de Mórmon

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Parecer de um Estudioso da Bíblia sobre o Livro de Mórmon

Hugh Nibley

Hugh Nibley (1910-2005), notável estudioso do livro de Mórmon; also Mormon apologist

Hugh Nibley (1910-2005), notável estudioso do livro de Mórmon

De acordo com Hugh Nibley, o "pai" da doutrina bíblica e teológica contemporânea dos Mórmons, "O Livro de Mórmon pode e deve ser testado".1

Embora existam muitas maneiras para se fazer isso, muitas das melhores ferramentas para testar o Livro de Mórmon são os mesmos métodos usados ​​rotineiramente na erudição bíblica. Os estudiosos bíblicos investigam questões como:

  • a história manuscrita dos textos bíblicos;
  • as origens dos livros da Bíblia (que os escreveu, onde e quando, e por que);
  • as fontes usadas pelos autores;
  • informações históricas fora da Bíblia de relevância para suas narrativas sobre eventos passados;
  • as formas e estilos literários usados ​​na composição desses livros. 

O uso de métodos acadêmicos para estudar essas questões não é hostil à Bíblia (embora muitas vezes sejam mal utilizados por não-crentes que são hostis a ela). Ao contrário, estes métodos são ferramentas que nos ajudam a entender melhor como os livros da Bíblia vieram a ser escritos, e o que eles realmente significam em seu contexto histórico e cultural original. Como os livros da Bíblia são escritos historicamente autênticos, tal investigação não ameaça a confiança cristã na Bíblia.2

Como os livros da Bíblia são autênticos, a investigação acadêmica não ameaça a confiança cristã nela.

Podemos usar esses mesmos métodos para investigar as origens e o significado histórico do Livro de Mórmon. Se fosse verdadeiramente uma coleção de autênticas escrituras antigas traduzidas por Joseph Smith por revelação divina, o uso apropriado e justo desses métodos tenderia a confirmar ou apoiar suas reivindicações (embora, é claro, não comprove tudo o que está ali escrito). Por outro lado, pode mostrar que o Livro de Mórmon não é o que afirma ser.

Como alguém treinado nos métodos da erudição bíblica, eu, Rob Bowman, procurei abordar o Livro de Mórmon nesta metodologia imparcial, de mente aberta, aplicando esses métodos de forma justa para ver onde a evidência conduz. Minha dissertação de doutorado mostrou que um sermão pretensamente pregado por Jesus aos nefitas (3 Néfi 12-14) foi realmente copiado por Joseph Smith da tradução do Sermão do Monte (Mateus 5-7), com pequenas mudanças que ele fez.3

Desde que completei essa dissertação, tenho trabalhado em vários artigos sobre outras questões concernentes ao Livro de Mórmon. Muitos destes artigos está agora disponível no site do Institute for Religious Research. Recentemente, concluímos uma grande reorganização da parte do Livro de Mórmon do nosso site, adicionando muito conteúdo novo e organizando os materiais em seis categorias principais, e estamos agora traduzindo este material para o Português. Um trabalho em andamento no site é uma nova edição de estudo do Livro de Mórmon, com base na primeira edição impressa de 1830, com notas textuais. Ao invés de desencorajar as pessoas de estudar o Livro de Mórmon, queremos encorajar as pessoas a estudá-lo com mais cuidado e com maior compreensão e discernimento. Ao fazê-lo, acredito que eles venham a ver muito claramente que o Livro de Mórmon é uma ficção do século XIX.

Aqui estão algumas perguntas que os alunos cuidadosos do Livro de Mórmon devem fazer. Muitas dessas questões são discutidas em detalhes em nosso site, e mais serão abordadas em próximos artigos.

Queremos encorajar o estudo do Livro de Mórmon, com maior compreensão e discernimento.
  1. Por que Joseph alegou que usou “pedras de espetáculo”4, encontradas com as placas de ouro em 1827 para traduzir o Livro de Mórmon, quando se sabe que ele ditou o manuscrito usando a mesma pedra vidente do buscador de tesouros que ele usara durante a maior parte dos últimos cinco anos como uma ferramenta de adivinhação para procurar o tesouro enterrado?
  2. Joseph Smith afirmou que em 1823 um anjo apareceu-lhe em seu quarto três vezes durante a noite, em uma luz extremamente brilhante, acordando-o a cada vez e falando com ele prolongadamente. Como os irmãos de Joseph, muitos dos quais dormiram no mesmo sótão (um ou dois na mesma cama), não tomaram conhecimento de que Joseph ficou acordado a maior parte da noite conversando com um anjo brilhante?
  3. Como poderia o estudioso dos clássicos Charles Anthon ter validado uma tradução de caracteres copiados das placas de ouro, como Joseph afirmou em Pérola de Grande Valor? Ninguém na América na época podia ler Egípcio Antigo5; O egípcio das placas de ouro era supostamente "alterado"; e o Livro de Mórmon afirma que o homem "instruído" não seria capaz de lê-lo (2 Néfi 27).
  4. Por que Joseph não foi capaz de descobrir o que aconteceu com as 116 páginas manuscritas que Martin Harris “perdeu”? Ele supostamente tinha uma pedra de vidente, reuniões freqüentes com um anjo, e revelações de Deus.
  5. Quais são os quatro mares que cercam as terras do Livro de Mórmon (Helamã 3: 8)?
  6. Se os leítas e os mulequitas fossem (como os estudiosos SUD atualmente argumentam) apenas uma subcultura muito pequena de israelitas vivendo em uma civilização predominantemente pagã na América por um milênio, por que não há referências no Livro de Mórmon a outros povos ou nações, nem registros de nefitas evangelizando pagãos e nenhuma polêmica contra o politeísmo, a idolatria, o sacrifício humano e coisas do gênero?
  7. Se o Livro de Mórmon foi escrito por antigos profetas israelitas que viveram em uma sociedade nativa americana, por que eles se referem a tantos temas teológicos e culturais da sociedade anglo-americana do início do século XIX (ateísmo, calvinismo, roupas dispendiosas, deísmo, batismo de crianças, se a “era dos milagres e revelações” é passado, clérigos remunerados, sociedades secretas, unitarismo, universalismo, etc.); mas jamais temas com o qual o Cristianismo tem lidado nos últimos dois séculos desde a publicação deste livro (evolução, pluralismo religioso, crítica bíblica, socialismo e comunismo, aborto, homossexualismo, ambientalismo, feminismo, engenharia genética, islamismo e terrorismo islâmico, guerra nuclear, relativismo e pós-modernismo, etc.)?
  8. Se o espaço para escrita nas placas de ouro era escasso (há cerca de quarenta passagens no Livro de Mórmon sobre a necessidade de economizar espaço), por que há citações tão longas de Isaías (especialmente todo o trecho de Isaías 2-14 em 2 Néfi 12 -24) quando diversas passagens nos dizem que o livro de Isaías estava disponível em placas de latão (1 Néfi 5, Alma 37 etc.)?
  9. Se o Livro de Mórmon foi escrito por profetas cuidadosamente gravando suas palavras em placas de metal precioso escasso, por que há tantas correções de fluxo de consciência6 (“ou em outras palavras”, “ou melhor”, etc.) e passagens extremamente repetitivas (Por exemplo, 4 Néfi 1: 6)?
  10. Por que as passagens do Livro de Mórmon citam Isaías mais de 96 por cento verbalmente idêntico à Versão King James da Bíblia (KJV), incluindo um número enorme das pequenas adaptações feitas pelo tradutor (palavras mostradas em itálico na KJV, que foram acrescentadas para completar o sentido em inglês)?
  11. Quando Jesus pregou aos nefitas (3 Néfi 12-14), por que fez algumas mudanças no Sermão da Montanha (por exemplo, sem referências explícitas aos fariseus), mas deixou tantas outras coisas inalteradas - que pressupunham o contexto cultural e religioso dos judeus do primeiro século na Galiléia e na Judéia - como andar duas milhas quando eram forçados a irem uma (uma imposição dos conquistadores romanos); o "jota e o til" da Escritura; juramentos por substitutos ao nome de Deus; "cães" como uma metáfora para os gentios; bater à porta; entrar numa cidade por uma estrada através de um portão estreito; lobos em roupas de ovelha; e por aí em diante?
  12. Por que há tantas passagens pelo Livro de Mórmon que contêm ecos verbais claros do Novo Testamento (por exemplo, 1 Ne 5: 8 = Atos 12:11; 2 Ne 9:39 = Rm 8: 6; Alma 5 : 51-52 = Mateus 3: 2, 10; 3 Ne. 20: 23-27a = Atos 3: 22-26; Mórmon 9: 22-24 = Marcos 16: 15-18; Morôni 7: 44-48 = 1 Coríntios 13:38, 13 e 1 João 3: 1-3; Morôni 10: 8-17 = 1 Cor. 12: 4-11)?
  13. O Livro de Mórmon dá muita atenção ao estabelecimento de uma "cadeia de custódia" das placas de ouro, informando o leitor da identidade do guardião das placas de Néfi no século VI a.C. e a partir dele para cada profeta sucessivo até Moroni, no século V da Era Cristã, que enterrou as placas e depois revelou sua localização para Joseph Smith. Para estabelecer essa cadeia de custódia, dez dos onze autores do Livro de Mórmon se apresentam logo no início de sua escrita. No entanto, Mórmon não se apresenta até mais de 270 páginas (122 capítulos) depois que sua escrita começa (3 Néfi 5). Por que isso? Esta anomalia nos diz algo sobre quem realmente escreveu o Livro de Mórmon?
  14. À luz de Morôni 10: 4-5, como explicar o fato de que há cristãos que têm fé em Cristo e que leram o Livro de Mórmon sinceramente querendo saber se era de Deus e se convenceram de que não é? São todos insinceros?
Queremos que as pessoas conheçam a verdade sobre o livro de Mórmon, não para um desencorajamento da fé em Cristo, mas para estabelece-la em um fundamento sólido.

Nosso site também apresenta uma série de novos artigos respondendo a argumentos SUD que pretendem mostrar evidências positivas em apoio do Livro de Mórmon. Mais notavelmente, temos cerca de dez novos artigos, todos escritos por volta do último ano7, que abordam a alegação de que a linguagem e o estilo do Livro de Mórmon revela suas origens israelitas antigas. Especificamente, esses artigos respondem à alegação de que o Livro de Mórmon contém exemplos complexos de quiasmas (um tipo específico de paralelismo literário) e de formas gramaticais hebraicas traduzidas em madeira. Mais uma vez, abordo essas afirmações como um estudioso bíblico familiarizado com essas questões literárias e gramaticais no contexto do estudo da Bíblia.

Se você tiver dúvidas sobre o Livro de Mórmon e você não encontrar o que você precisa em nosso site, entre em contato conosco. Queremos ajudar as pessoas a conhecer a verdade sobre o Livro de Mórmon, não a derrubar a fé em Cristo, mas estabelecê-la no sólido fundamento da autêntica palavra de Deus na Bíblia.
 

NOTAS


1.  Hugh Nibley, An Approach to the Book of Mormon, 3rd ed., Collected Works of Hugh Nibley 6 (Salt Lake City: Deseret; Provo, UT: FARMS, 1988), 16.

2.  Para uma visão geral de assuntos pertinentes à Bíblia, veja Robert M. Bowman Jr., “The Reliability of the Bible” (IRR, 2013), e as referências citadas aqui.

3.  Robert M. Bowman Jr., “The Sermon at the Temple in the Book of Mormon: A Critical Examination of Its Authenticity through a Comparison with the Sermon on the Mount in the Gospel of Matthew,” Ph.D. diss. (South African Theological Seminary, 2014).

4.  As “Pedras de Espetáculo” são Urim e Tumim, que Smith teria encontrado na caixa de madeira (ou pedra) junto com as placas de ouro do Livro de Mórmon e outros objetos (a espada de Labão, a Liahoana, o peitoral sacerdotal). Diversas ilustrações e réplicas mostram tais pedras de espetáculo como literalmente um par de óculos sobrenaturais, sendo Urim e Tumim suas lentes. Ilustrações antigas da Igreja SUD apresentavam Joseph traduzindo as placas usando este artefato.       

Hoje a igreja SUD admite que Smith usou uma pedra de vidente dentro de seu chapéu, o mesmo recurso que ele usava para localizar tesouros escondidos em suas expedições de “escavação de dinheiro”. Para mais detalhes, veja nosso artigo, Ligações ao Ocultismo e à Maçonaria.

5.  A decifração do sistema de escrita dos hieróglifos egípcios é geralmente atribuída ao francês Jean François Champollion, o chamado "Pai da Egiptologia", que foi o primeiro a compreender o texto da Pedra de Roseta, em 1822.

6.  Fluxo de Consciência (Stream of consciousness), ou monólogo interior, é um recurso narrativo para expor os pensamentos e sentimentos que passam pela mente do autor ao descrever ou dissertar; o termo foi cunhado por William James em seus Princípios da Psicologia, de 1890. O autor descreve a “voz da mente”, podendo inclusive “corrigir o rumo” ou buscar se expressar de forma alternativa. Exemplos destas correções são encontrados em Mosias 7:8; 27; 8:17; Alma 1:13, 2:34,13:7, 17:18, 32:16, 39:2, 3 Néfi 3:7, 6:20, etc. Evidentemente autores com recursos escassos – gravando placas de ouro – evitariam tais divagações, buscando uma escrita concisa.

7.  Artigo originalmente publicado no final de 2016.